É a alma do poeta
não é lá flor que se cheire
Pois que vive a dourar pílula
sempre a ver navios
Chora por leite derramado
mas nunca paga o pato
nem anda na linha
o coração de galinha
Não engole sapo
pensa com o corpo
e a cabeça padece
Na chuva não se olha
nem se molha a colher
tempestades em copos d’água
que passarinho não bebe
[o fogo é para brincar]
Entorna chás de cadeira
roendo ossos duros
rema além da maré
desatando os nós
dos pingos d'água
dando a mão à palmatória
dando com os burros n'água
dando bom dia a cavalo
e o braço à torcer
E com cordas no pescoço
prefere andar mal
do que só acompanhado
fazendo feito andorinha
que escreve torto
Em linhas certas
de grão em grão
por certas estações
que invernos jamais verão.


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